domingo, 4 de janeiro de 2015

Pink Floyd - O muro inquebrável!


Por: Anderson Frota

Lá nos primórdios de minha paixão por música – e dá pra tranquilamente substituir a palavra “música” por ”Heavy Metal”, pois era tudo que eu ouvia e foi quando a música passou a ser realmente algo importante para mim – um grupo de amigos inventou de passar um carnaval acampado na praia. Facilitou muuuuito a vida da gente o fato de, na tal praia, ter uma barraca - ou boteco, sei lá - de frente para o mar, onde dava pra tomar café da manhã. De uma forma meio precária, mas dava. Eu não me lembro se era alguém do grupo que levava as fitas pra tocar no som da barraca ou se elas eram do proprietário da mesma, mas sei bem que rolava constantemente Led Zeppelin e Pink Floyd. Do Zeppelin, não consigo me recordar qual era o disco, mas do Floyd eu nunca vou esquecer: era o The Wall.



Filme dirigido por Alan Parker


Ilustração feita por Gerald Scarfe em 79
Como foi dito, eu nunca tinha ouvido Pink Floyd antes. Eu só escutava Heavy Metal. Beatles, Stones e quetais só vieram a me despertar interesse bem depois que eu já estava íntimo de Slayer, Venom e Metallica. Sim, é claro que eu já conhecia a música Another Brick in the Wall, mas é porque ela sempre tocava no rádio. Daí, o fato do Floyd ter chamado mais a minha atenção do que o Led Zepellin, naquele momento. A linguagem musical era mais estranha para mim, requeria um pouco mais de atenção para ser absorvida por meus ouvidos doutrinados por outro tipo de batida. Era uma música hipnótica e diversas coisas aconteciam ao seu redor. Explosões, helicópteros, gente conversando, telefones, gritos, tudo emoldurando as músicas, ampliando a sensação onírica que a obra do Pink Floyd transmite. Roger Waters não é nenhum virtuoso do baixo, mas é um compositor extraordinário. Sua posição na banda tem paralelo com o status de Pete Townshend no Who: não é o músico mais habilidoso do quarteto, mas é o motor criativo. No Floyd, as ideias de Waters eram ampliadas pelas performances de Nick Mason e – em maior grau – David Gilmour e Richard Wright. Esses dois últimos conseguiam elevar a fusão de beleza e escuridão que caracteriza a música da banda. 

Comfortably Numb, uma das melhores faixas do disco e de toda a carreira do Pink Floyd traz, em seu título, a melhor definição para as impressões transmitidas pela audição de seus discos. Não é por acaso que um dos solos mais conhecidos de David Gilmour está justamente nela.

E Comfortably é apenas a cereja do bolo. A coleção de canções de The Wall deixa transparecer os motivos pelos quais esse disco, juntamente com The Dark Side of the Moon, consegue se sustentar em uma apresentação apenas com suas faixas. Não dá pra se satisfazer menos com uma sequência com pérolas como In the Flesh, Mother, Hey You, Run Like Hell, Young Lust, Nobody Home e a já mencionada Another Brick in the Wall, cujas levadas de guitarra e baixo tem uma inusitada proximidade com a black music.

Rick Wright, Roger Waters, David Gilmour e Nick Mason
A palavra viagem, tão banalmente utilizada quando se fala de rock progressivo, teve uma definição mais exata para mim a partir daquele momento. Foi-me aberto o interesse por um novo campo musical, um novo universo para ser explorado, com inúmeras bandas para conhecer, das quais eu apenas ouvia falar, tais qual Jethro Tull, Yes, Marillion, etc. Alguns dias depois de ter retornado do carnaval, eu me dirigia para as lojas de discos do centro da cidade, procurando novas coisas do Pink Floyd. Tinha um disco com uma capa bem interessante, com um porco voando, mas isso já é outra história...


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