domingo, 10 de agosto de 2014

SAVATAGE - GUTTER BALLET

Por:Anderson Frota

Pantera, AC/DC, Arch Enemy, Van Halen... Bandas com duplas de irmãos, ambos com talento acima da média, mas onde sempre, por um motivo ou outro, um consegue mais destaque ou relevância dentro do trabalho.
Savatage. Uma das mais significativas bandas do metal americano, composta também por dois irmãos, com talento extraordinário, mas, nesse caso, com equilibrado destaque em suas funções.
A maioria deve achar que Sirens, Power of the Night ou The Hall of the Mountain King são superiores e deveriam estar aqui. Talvez sejam, isso não vem ao caso e, eventualmente, eu posso vir a falar sobre algum deles, mas Gutter Ballet está em posição mais alta na minha cotação. Já me seria natural indicá-lo como meu disco preferido do Savatage pelo seu conteúdo, mas ele ainda carrega uma peculiaridade muito pessoal: no começo do namoro com minha esposa, esse foi o disco que eu usei para apresentar a ela o que era heavy metal. Acho que escolhi bem...
Se desconsiderarmos a posição do Fight for the Rock dentro da discografia, vemos que cada álbum do Savatage, desde Sirens, trouxe evoluções e acréscimos no som da banda, em relação ao antecessor. Assim, Gutter é o amálgama de tudo o que eles fizeram na carreira até aquele momento e que ainda iria se desenvolver mais até chegar na obra conceitual Streets. No entanto, se o ápice artísitico ainda seria alcançado, o emocional se fez pleno em Gutter. A musicalidade e o entrosamento que a banda acumulou em sua trajetória foi essencial para a criação de duas de suas melhores músicas, dois momentos únicos no heavy metal: a faixa título e When the Crowds are Gone. Duas canções absolutamente perfeitas, com melodia, emoção e peso. Aquele andamento típico de sinfonia, que tantas bandas procuraram obter, gravando discos com acompanhamento de orquestras, o Savatage alcançou naturalmente, sem recorrer a qualquer auxílio externo. Essas músicas transmitem grandiosidade porque são naturalmente grandiosas. Não foram compostas baseadas em uma fórmula. São puras e autênticas.




A melodia também está muito presente nas duas instrumentais Temptation Revelation e Silk and Steel, essa última podendo até ser considerada uma irmã mais nova de Laguna Sunrise do Black Sabbath. Por essas quatro faixas o disco já se torna um clássico absoluto para mim, mas até agora eu só mencionei seu lado mais suave. O lado mais agressivo, que permeia o restante do trabalho, tem seus destaques nas faixas Mentally Yours, The Unholy e She’s in Love, que é a música que mais se aproxima do som dos primeiros discos da banda.
A excelência obtida nesse álbum pode ser atribuída ao fato de que, pela primeira vez, o Savatage atuou como um quinteto, com duas guitarras, com Chris Caffery fazendo par com Criss Oliva e compondo aquela que se tornou a formação definitiva do grupo. A música que eles desenvolveram já foi taxada diversas vezes por aí como prog metal ou metal melódico. Coisa nenhuma! É heavy metal! Classudo, vibrante e pesado, mas apenas e tão somente heavy metal. Isso basta para mim.
Sei que os discos que foram gravados sem Jon Oliva, ou com esse apenas nos teclados, quando os vocais foram assumidos por Zak Stevens, são os preferidos de muita gente e, de fato, são realmente bons, mas eu encaro como outra banda. O Savatage que me cativou foi aquele encabeçado pelos irmãos Oliva e que, infelizmente nunca mais vai voltar. Criss Oliva já deixou nosso plano. É injusto perceber que a lembrança de seu trabalho não é tão evocada quanto o são os legados de Randy Rhoads ou Dimebag Darrel, mas o que ele fez é tão carregado de brilhantismo quanto esses dois e, tal qual seu espírito, viverá para sempre.

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